Desde que soube que o Black Sabbath (com três
integrantes de sua formação original) se reuniu novamente, criei a expectativa
de sua vinda ao Brasil. Ela foi confirmada e me mexi para assistir ao show. Deu
certo! Afinal, quase com certeza, será a última oportunidade de ver os
criadores do heavy metal ao vivo. Tudo, sem exceções, no que se refere a rock
pesado, metal se deve ao Black Sabbath. As bandas, os gêneros que surgiram tem
algo oriundo da classe operária de Birmingham.
Para aquecer a expectativa os caras lançaram
um disco com inéditas “13” que eu classificava como bom e depois do show
aumentei minha nota.
Vale lembrar que, apesar de inúmeros sites,
notas do Face, disponibilizarem o set-list do show não li nada a respeito para
que tudo fosse uma surpresa para mim.
Bem para resumir a conversa no dia 11 de
março, às 17:00, eu já estava no Campo de Marte – São Paulo – local do show
(que começou pouco depois das 21 h); junto com 70 mil pessoas. E conversando
com os que estavam lá – uns mais velhos, outros mais novos – falei das minhas
expectativas para o show: sinceramente achava que ia chorar quando as cortinas
se abrissem e as sirenes anunciassem “War Pigs”, mas quando isso aconteceu não
chorei, apenas um sorriso apareceu no meu rosto e ergui as mãos para o alto –
conforme o senhor Ozzy Osbourne pediu – cantei a pleno pulmões o primeiro
clássico. Foi uma coisa fantástica: 70 mil vozes, 70 mil pessoas se espremendo,
sem brigas, sem reclamações por um ou outro pisão no pé, esbarrões praticamente
não existiam, pois estávamos tão próximos que você pulava, se mexia, mesmo sem
querer! Veio “Into the void” e vi o que as pontas dos dedos de silicone de Tony
Iommi ainda são capazes de fazer. Veio "Under the Sun”, quem diria que um dia eu poderia ouvir
essa música ao vivo. Na sequência veio “Snowblind”: fantástica, estupenda. A
voz de Ozzy não é mais a mesma? Nunca foi boa? Não
me importo! Era ele que dizia: “My eyes are blind, but I can see the snowflakes
glisten on the tree”. Do disco novo “Age of Reason”, para mim, funcionou muito bem ao
vivo. Quando os trovões e os sinos anunciaram “Black Sabbath” o clima pesado da
música pairou sobre o Campo de Marte e todos cantavam até as partes da
guitarra. Depois veio “Behind the Wall of Sleep”, outra música que também
nunca não imaginei ouvir ao vivo. Geezer Butler e sua mão direita que, igual a
uma aranha, dedilhava o baixo de forma incrível; para logo depois solar e nos
apresentar “N.I.B.” Veio outra música nova “End of the Beginning”, que
já considerava boa no disco e ao vivo dispensa comentários. “Fairies Wear Boots”
eu já tinha curtido ao vivo no show de Ozzy em 2011, mas ouvi-la com a banda
que a criou é outro nível, principalmente com os telões exibindo belas fadas
seminuas. Depois veio “Rat Salad” para o baterista Tommy Clufetos (que adotou
um visual igual ao que Bill Ward usava nos anos 70) açoitar sem dó nem piedade
seu equipamento. Novamente em “Iron Man” 70 mil vozes cantavam a música,
cantavam os solos e faziam ôôô a todo instante. Veio “God is dead”: o solo de
Iommi na música é algo indescritível e a banda funciona magistralmente. Se antes
exibiram mulheres seminuas nos telões em “Dirty Women” elas estavam peladas
mesmo, para alegria da marmanjada maioria absoluta no show. Baixo e bateria
botaram o palco abaixo em “Children of the grave”. E para finalizar “Paranoid”
colocou para pular, mesmo extenuados, todos os presentes.
Acha que esse relato é passional? Parcial? É mesmo. Nunca pensei
que iria ver o Black Sabbath e vi! Muitos dos hinos do heavy metal que não canso
de escutar foram executados na minha frente por quem os criou. Mas só agora
1:31 h do dia 14 de outubro é que a ficha caiu e meus olhos marejam ao ver os
vídeos que fiz do show. Never Say Die, Black Sabbath!